Lea T, a modelo mais comentada no mundo fashion continua em alta. Ela que foi destaque na revista "Guardian" como a "primeira supermodel transexual de destaque". E depois de ter posado para a Vogue Paris, foi atraída pela mídia internacional.
E nós do blog W.B vamos te mostrar partes da entrevista que a modelo fez para a revista Marie Claire.
A revista pergunta onde Lea nasceu. Nasci em Belo Horizonte, Brasil, há 28 anos.
Você fala várias línguas, inclusive tem fluência no italiano. Foi para a Itália quando era menina? Sim, eu tinha 1 ano. Mas era um menino!
Certo... É difícil lembrar disso, olhando para você. E onde cresceu? Fiz os estudos em Gênova e depois o liceu artístico em Florença. Só durante alguns anos. Depois fui viajar: Ibiza, Tóquio, Nova York. Trabalhava um pouco como modelo. Era bonito, com uma grande cabeleira afro, no estilo Michael Jackson no tempo do Jackson Five. Não que eu fizesse grande sucesso como modelo. Ao contrário, geralmente, quando entrava para o casting masculino, sempre vinha alguém me dizer: “As garotas devem ir para o outro quarto”. Eu ficava vermelha, ou melhor, vermelho de vergonha. Durante algum tempo ainda pensei que estudaria veterinária: curar os animais era meu sonho de infância. Um dia, em Milão, uma amiga maquiadora me mostrou os vestidos desenhados por um rapaz que havia saído da St. Martin’s School, a famosa escola de moda de Londres. Era Riccardo Tisci. Conhecemo-nos e comecei a trabalhar para ele, fazendo fitting (provas de roupa no showroom) e me apaixonei pela moda. Também trabalhei com a estilista americana Patti Wilson. E depois Riccardo me convidou para posar para a campanha.
![](http://1.bp.blogspot.com/_Kqe0DewRtQw/TPAYs-ecbiI/AAAAAAAAGZI/OG-WKnT---0/s320/WEAREBURNING5.jpg)
Vamos voltar um pouco atrás. Quando você compreendeu que Leandro não podia continuar vivendo "como homem"? Logo. Eu cresci em um ambiente muito feminino. Meu pai estava sempre longe: eu vivia em osmose com minha mãe, minhas irmã. Também avó e tia. Nunca tive um ideal masculino com o qual me identificar. Quando papai vinha para casa e me observava, dizia ver em mim alguma coisa que não estava certa. Com os anos, todos começaram a rezar para que eu fosse gay. Teria sido mais fácil, o menor dos males. Principalmente para uma família tão religiosa, habituada às regras da vida rígida do mundo colonial.
Você acha que a mudança de sexo vai mudar muito? Já ouvi mil vezes trans dizerem: "Com a operação finalmente me tornarei mulher". Eu não penso assim, sou realista. Sei que terei uma vagina reconstruída, que não é uma verdadeira vagina, sei que provavelmente não viverei a experiência do prazer feminino, sei que nos documentos serei uma mulher e isso facilitará a minha vida, ou pelo menos assim espero. A escolha é entre ser infeliz para sempre ou tentar ser feliz.
Discutiu isso com seus pais? Quando comecei a terapia hormonal que antecede a operação, falei com minha mãe, que, por sua vez, falou com meu pai. Com ele nunca troquei uma palavra diretamente. São separados, ele tem outra companheira, que eu não conheço. Falamo-nos de vez em quando por telefone e nos vemos uma vez por ano. “Como vai, tudo bem?” e termina aí.
Era um rapaz bonito? Sim. Sempre olho para minha foto de homem, no passaporte. Eu era um amor.
Hoje tem um companheiro? Sim, tenho alguém. Uma pessoa a quem eu quero bem. Mas não é uma verdadeira relação. Este é um momento muito delicado da minha vida. Não posso me permitir o luxo de me apaixonar.
Uma idéia de sexualidade não muito feliz. Sim. A minha vida sexual foi boa em alguns momentos, mas nunca foi completa, sempre me senti um pouco envergonhada.
Sente-se sozinha? Trans crescem na solidão. Com a operação nascemos uma segunda vez, mas ainda sozinhas. E morreremos sós. É o preço que se paga.
É possível para uma trans ter um trabalho que não seja... De prostituta? Muito difícil, do jeito que vão as coisas. Como você deve saber, há um importante diretor de uma grande empresa de cosméticos internacional que é trans. Mas é uma exceção. Eu tento ser uma dessas exceções, porque posso me permitir isso. Minha família sempre me ajudou, mas eu gostaria de me manter sozinha. Mas é difícil. Quando comecei a fazer o tratamento, andava pela rua cheia de hormônios no corpo, deprimida, com as pessoas que riam nas minhas costas. Não conseguia nem entrar em uma loja e pedir um emprego de balconista. A maior parte das trans é prostituta porque não tem outra escolha. Muitas são tão desesperadas que se tornam trans porque sabem que assim ganharão mais. Devastam seu corpo e sua identidade por fome, vítimas da miséria e do preconceito.
Clicando aqui, você vê todos os ensaios que Lea fez!
Você acha que a mudança de sexo vai mudar muito? Já ouvi mil vezes trans dizerem: "Com a operação finalmente me tornarei mulher". Eu não penso assim, sou realista. Sei que terei uma vagina reconstruída, que não é uma verdadeira vagina, sei que provavelmente não viverei a experiência do prazer feminino, sei que nos documentos serei uma mulher e isso facilitará a minha vida, ou pelo menos assim espero. A escolha é entre ser infeliz para sempre ou tentar ser feliz.
Discutiu isso com seus pais? Quando comecei a terapia hormonal que antecede a operação, falei com minha mãe, que, por sua vez, falou com meu pai. Com ele nunca troquei uma palavra diretamente. São separados, ele tem outra companheira, que eu não conheço. Falamo-nos de vez em quando por telefone e nos vemos uma vez por ano. “Como vai, tudo bem?” e termina aí.
Era um rapaz bonito? Sim. Sempre olho para minha foto de homem, no passaporte. Eu era um amor.
Hoje tem um companheiro? Sim, tenho alguém. Uma pessoa a quem eu quero bem. Mas não é uma verdadeira relação. Este é um momento muito delicado da minha vida. Não posso me permitir o luxo de me apaixonar.
Uma idéia de sexualidade não muito feliz. Sim. A minha vida sexual foi boa em alguns momentos, mas nunca foi completa, sempre me senti um pouco envergonhada.
Sente-se sozinha? Trans crescem na solidão. Com a operação nascemos uma segunda vez, mas ainda sozinhas. E morreremos sós. É o preço que se paga.
É possível para uma trans ter um trabalho que não seja... De prostituta? Muito difícil, do jeito que vão as coisas. Como você deve saber, há um importante diretor de uma grande empresa de cosméticos internacional que é trans. Mas é uma exceção. Eu tento ser uma dessas exceções, porque posso me permitir isso. Minha família sempre me ajudou, mas eu gostaria de me manter sozinha. Mas é difícil. Quando comecei a fazer o tratamento, andava pela rua cheia de hormônios no corpo, deprimida, com as pessoas que riam nas minhas costas. Não conseguia nem entrar em uma loja e pedir um emprego de balconista. A maior parte das trans é prostituta porque não tem outra escolha. Muitas são tão desesperadas que se tornam trans porque sabem que assim ganharão mais. Devastam seu corpo e sua identidade por fome, vítimas da miséria e do preconceito.
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